domingo, 15 de julho de 2012

Mineração sofre com ausência de profissionais especializados


Marcelo Porto Filho acredita que a escala de contratações será retomada - Foto: Herácles Dantas
Depois de amargar uma crise entre os anos de 1990 até meados de 2004, o setor mineral potiguar comemora o momento aquecido, com a retomada experimentada a partir de 2005, cujo ápice – iniciado com mais ênfase em 2010 – permanece sendo vivido pelo setor. Agora, um novo desafio surge para o empresariado deste segmento: a falta de mão de obra especializada para atuar no segmento, em que pelo menos 10 empresas deverão demandar mais de mil profissionais nos próximos anos.
Vários tipos de minerais estão sendo explorados ou em fase de pesquisas por parte das empresas. No Departamento Nacional de Produção Mineral do Rio Grande do Norte, 3.555 áreas norte-rio-grandenses foram requeridas para pesquisa das reservas, verificação de viabilidade comercial e efetiva exploração mineral.
Ouro, scheelita, minério de ferro, tungstênio, esmeraldas, brita e calcário são algumas das riquezas naturais do subsolo e superfície potiguar responsáveis pela retomada do setor.
Para citar alguns exemplos, somente em Currais Novos, há pelo menos quatro empresas pesquisando minerais e com minas instaladas, em plena atividade. A Brejuí, por exemplo, é considerada uma das maiores da América Latina na lavra de scheelita. Além dela, a cidade abriga as minas Acauã, Brejuí e a mineração Barra Verde, esta com capacidade de produzir até 70 toneladas de tungstênio.
Situada 125 quilômetros de Natal, em Lajes, é forte a prospecção de ouro e scheelita.  Este mineral também é a estrela da mineração na cidade de Bodó. Lá, uma empresa potiguar firmou parceria com um grupo canadense e está com pesquisas adiantadas para em breve, instalar sua mina.
Para dar conta das novas pesquisas e atividades de lavra das mineradoras, serão necessários pelo menos novos 300 geólogos – supondo que cada um atenda aproximadamente 10 áreas em potencial.
Nos cálculos do Sindicato da Indústria da Extração de Metais Básicos e de Minerais Não Metálicos do Rio Grande do Norte, é preciso de 200 a 250 profissionais para as fases de implantação, sondagem e pesquisa.
Os cursos de geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) devem suprir essa lacuna, porém, serão precisos mais profissionais do que os que estão sendo formados.  Além disso, ainda no nível superior, o setor irá precisar de engenheiros de minas, curso existente apenas em Minas Gerais e Pernambuco.
Nos níveis técnico, médio e fundamental, será necessário pessoal com habilidades específicas, como marteleiros, sondadores, capatazes, mecânicos de máquina de mineração, mineiros de subsolo e de superfície, eletricistas e blasters – profissionais especializados em preparar e manusear cargas de explosivos.
“Nos anos 80, chegamos a empregar 10 mil funcionários em Currais Novos. Acredito que essa escala de contratação deverá ser retomada”, projeta o presidente do Sindicato, Marcelo Porto Filho, que também é empresário do ramo.
Somente na sua empresa, a Metasa, que está em fase de implantação e construção da planta de uma mina de scheelita em Bodó, serão empregados cerca de 250 profissionais quando iniciarem suas atividades.
Segundo ele, a mão de obra é tão disputada que até os trabalhadores treinados informalmente são requisitados para outros estados. “Pelo menos 150 pessoas formadas na antiga mina que explorávamos em Bodó estão atuando em outros estados”, relata.